quinta-feira, 14 de junho de 2007
As limitações da emoção humana
Muitos pais passam a vida inteira ensinando seus filhos a seguir as trajetórias do amor, a cultivar uma rica afetividade entre eles, e o resultado não poucas vezes é o desamor, a disputa e a agressividade. Não é fácil ensinar o caminho do amor, pois ele está além da mera aquisição de ensinamentos éticos e de regras comportamentais.
Os discípulos de Cristo, quando ele os chamou, comportavam-se como qualquer ser humano: discutiam, se irritavam e viviam apenas para satisfazer suas necessidades. Todavia, o mestre queria que eles reescrevessem paulatinamente suas histórias, uma história sem disputas, sem discriminação, sem agressividade, uma história de amor.
Cristo tinha metas ousadíssimas, mas ele só propunha aquilo que vivenciava. Ele amou o ser humano incondicionalmente. Foi dócil, gentil e tolerante com seus mais ardentes opositores. Amou quem não o amava e se doou para quem o aborrecia. O amor era a base da sua motivação para aliviar a dor do outro. Quem possui uma emoção tão desprendida?
As grandes empresas de todo o mundo têm sofisticadas equipes de recursos humanos que procuram continuamente seus funcionários para que possam aprender a ter melhor desempenho intelectual, criatividade e espírito de equipe. Os resultados nem sempre são os desejados. Porém o propósito de Cristo, além de incluir o espírito de equipe e o desenvolvimento da arte de pensar, requeria a criação de uma espera de amor mútuo.
Ninguém consegue preservar qualquer forma de prazer nos mesmos níveis por muito tempo. Ao longo dos anos, devido ao processo de psicoadaptação, o amor diminui invariavelmente de intensidade e, se houver sucesso, será possível substituí-lo paulatinamente pela amizade e pelo companheirismo.
A psicoadaptação é um fenômeno inconsciente que faz diminuir a intensidade da dor ou do prazer ao longo da exposição de um mesmo estímulo. Uma pessoa, ao colocar um quadro de pintura na parede, o observa e o contempla por alguns dias, todavia, com o decorrer do tempo, ela se psicoadapta à sua imagem e pouco a pouco se sente menos atraída por ele. Uma pessoa, ao comprar um veículo, depois de alguns meses entra dentro dele como quem entra no banheiro de sua casa, ou seja, não tem mais o mesmo prazer que tinha quando o adquiriu, pois se psicoadaptou a ele. Quando sofremos uma ofensa, no começo ela nos perturba, mas com o decorrer do tempo nos psicoadaptamos e pouco sofremos com ela. O mesmo pode ocorrer com a afetividade nas relações humanas. Com o passar do tempo, se o amor não for cultivado, nos adaptamos uns aos outros e deixamos de amar.
A energia emocional não é estática, mas dinâmica. Ela se organiza, se desorganiza e se reorganiza num fluxo vital contínuo e ininterrupto. Nossa capacidade de amar é limitada. Amamos com um amor condicional e sem estabilidade. As frustrações, as dores da existência, as preocupações cotidianas sufocam os lampejos de amor que possuímos. Portanto, o segredo do limitado amor humano nem sempre está em conquistá-lo, mas em cultivá-lo.
Apesar de todas as limitações da emoção em criar, viver e cultivar uma esfera de amor, amar é uma das necessidades vitais da existência.
Quem ama vive a vida intensamente.
Quem ama extrai sabedoria do caos.
Quem ama tem prazer em se doar.
Quem ama aprecia a tolerância.
Quem ama não conhece a solidão.
Quem ama supera as dores da existência.
Quem ama produz um oásis no deserto.
Quem ama não envelhece, ainda que o tempo sulque o rosto.
O amor transforma miseráveis em ricos.
A ausência do amor transforma ricos em miseráveis.
O amor é a expressão máxima do prazer e do sentido existencial.
O amor é a experiência mais bela, poética e ilógica da vida.
Cristo discursava sobre a revolução do amor...
do livro "A análise da inteligência de Cristo" por Augusto Jorge Cury.
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