quinta-feira, 5 de julho de 2007
Memórias de uma Fã parte II
continuação do post anterior...
Lá pelos anos de 73, 74, depois de muitos “bailinhos” em casa que nessa época faziam muito sucesso muito mais nas casas de família, inclusive na minha, do que nos clubes da cidade e sempre ao som de músicas de Michael Jackson e seus irmãos, (dancei muito de rosto colado ao som de One day in your life , I´ll be there, Ben entre outras e fiz muito “exercício” dançando ao som de Dancing Machine, Whatever you got I want...), meu irmão montou um conjunto musical ou uma “banda” como chamam hoje em dia, e passei a ser a cantora do grupo que depois de vários nomes acabou sendo definitivamente batizado de Musical Waterloo, nos apresentávamos em clubes, shows de cantores da época, programas de rádio ao vivo da região e eu tinha até fãs, o que eu achava muito estranho, apesar de querer nunca consegui nem tentar cantar uma música de Michael Jackson, eu me achava incapaz apesar dos elogios das pessoas à minha voz na época e apesar da paparicação por eu ser a única garota a cantar num grupo musical nesse tempo... e ele era tão especial pra mim que nunca nem tentei, eu achava que ia “estragar” a música. Michael começou a mudar de voz e eu confesso q fiquei um pouco desencantada porque ele estava crescendo, mudando, eu não queria que ele crescesse, eu não queria crescer, então me envolvi com as primeiras paixões de uma adolescente e deixei Michael de lado por algum tempo, tive minhas primeiras desilusões no amor e na vida, tive problemas graves de depressão quando o Musical Waterloo acabou, vi alguns vídeoclips dele com seus irmãos; Blame it on The boogie, Enjoy Yourself, mas não liguei muito, ele não era mais o Michael que eu tinha conhecido(ou eu é que não estava nada bem) e aquele novo estilo de música não me agradou na época, creio q só tenha visto esses clips uma única vez na tevê nessa época e meus problemas de saúde no período posterior ao fim do grupo musical foram tão graves q eu não ligava pra nada, não trabalhava, não estudava, não tinha uma única amizade, passava o dia inteiro chorando e não queria saber de música, rádio, Tv , passei quase um ano sem poder andar e corria de um médico pra outro sem saber o que eu tinha e sem que eles descobrissem, gastei todo o dinheiro que ganhei com o conjunto nos médicos, até q fui curada por orações, já que de médicos passei a freqüentar também igrejas de parentes( quase todos evangélicos) e os parentes tb me ajudaram me dando meu primeiro emprego como balconista na empresa de um tio e foi nessa época q conheci minha melhor amiga, Cristina, uma paraguaia que era freguesa de costura da minha mãe e que tempos mais tarde descobrimos que era garota de programa, ela tb me ajudou a enfrentar todos os problemas q tive na época, e passou a ser tratada como uma filha pela minha mãe por ter sido tb muito importante na minha vida na minha pior fase q foi justamente o auge da minha juventude e só então com muitas orações, a amizade dela, a ajuda dos parentes e tb ajuda médica é que voltei a me interessar pela vida e por Michael.
Eu tinha ganhado um lp que não tinha gostado e fui na loja trocar, quando dei de cara com Off The Wall, e troquei por ele, depois fui com essa minha amiga em Campinas numa loja onde achei o álbum Thriump por um preço tão absurdamente pequeno que lógico, comprei, foram as primeiras coisas de Michael que eu comprava depois de meu irmão ter dado fim no meu compacto de Got to be there, tb comprei um compacto com 4 músicas, entre elas, I´ll be there, Got to be there, Goin back to Indiana e I want you Back( a música que tinha me apresentado a Michael), mas apenas comprei, não ouvi, comprei e guardei.
Eu estava ainda me recuperando da depressão, uma inquilina que morava na minha casa e que era mais jovem do que eu me mostrou uma música de um disco que era emprestado de um amigo dela, e como eu estava completamente por fora do que acontecia no mundo nessa época porque não assistia televisão e nem ouvia rádio, não sabia nada sobre Michael, e nem o reconheci de primeira( a voz dele), era o álbum Thriller, e a primeira música que ouvi foi a música Thriller, que achei o máximo, ela simplesmente colocou o disco no aparelho de som dela e tocou Thriller bem alto, foi incrível, adorei aquela música tão diferente e como não tinha ainda visto a capa não imaginava que fosse Michael Jackson e quando vi a foto não o liguei ao garotinho da minha época de criança,(distraída como sempre, e acho que meio dopada pelos remédios que tinha que tomar regularmente) era como se eu estivesse sendo apresentada a outro artista, ouvi o álbum inteiro e amei todas as músicas, quando finalmente caiu a ficha e percebi que aquele belo rapaz era o mesmo Michael Jackson que eu tanto tinha amado na minha infância, quase não acreditei, dificilmente um artista que faz sucesso na infância consegue fazer o mesmo sucesso depois de adulto... devo ter tido uns 3 ou 4 albuns Thriller.
Sempre que riscava uma música, geralmente Billie Jean, Beat it e Thriller, eu dava pra alguém e comprava outro novo, meu sobrinho ainda uma criança entrou numa escola de dança pra aprender a dançar como Michael e tb gostava dele, tanto q foi o responsável por riscar meu primeiro álbum Thriller, voltei a ligar a tevê( que só mostrava Michael Jackson em todos os programas, só se falava nele, comprei revistas e mais revistas sobre ele, era MJ pra todo lado e em todo canto, nunca tinha visto coisa igual com um artista, uma loucura, tudo muito parecido com a época do surgimento do Jackson Five.Só depois de ouvir Thriller e ver a minha paixão por Michael voltar com força total e que fui ouvir Off The Wall e o álbum Thriump, que tb adorei, creio q foi nesse ponto q comecei de fato a viver plenamente de novo, esquecida de tudo o que tinha se passado comigo até então.
A música Thriller foi uma coisa espantosa pra mim, assim com esse LP( na época ainda não existia cd) o clip tb, sentia tanto orgulho de Michael que jamais poderia descrever,pensava que aquela fase boa que vivi na infância nunca mais iria voltar, pensava que aquele lindo menininho iria cair pra sempre no esquecimento depois de grande, mas ele tinha talento demais pra ser ignorado, minha relação com Michael era uma coisa especial demais, duradoura demais, única, eu( e ele) estava com 23,24 anos quando esse álbum estourou , Michael era como um pedaço de mim que vivia em outra parte do planeta e eu sentia uma ligação muito forte com ele, eu amava a dança, sonhava em encontrar um artista que além de cantar tb dançasse e Michael me deu isso, queria um artista completo e ele me deu isso, nenhum outro poderia se equiparar a ele, os outros artistas passaram por essa época quase que esquecidos, Michael tomou conta da mídia(rádio, tevê, jornais, revistas) não tinha quem não soubesse do meu amor e admiração por ele e apesar dos parentes evangélicos pegarem no meu pé por causa dele eu não dava bola e tinha meu próprio modo de pensar a respeito dos meus sentimentos , nessa época eu já pedia a Deus por ele em minhas orações, quando me lembrava de fazê-las, ia ocasionalmente em reuniões evangélicas mas não era assídua, colecionava tudo que encontrava sobre Michael e chegava a comprar discos de outros cantores por causa de um “a” de MJ na música do outro, ganhei um livro de Mark Bego sobre a vida MJ de minha prima que tb gostava dele,(nessa época todo mundo gostava de Michael Jackson), um dia sofri um acidente por causa do clip “Beat it”, que ia ser exibido num programa de domingo a tarde, eles faziam chamadas toda hora e eu na cozinha quando ouvi os primeiros acordes da música sai correndo desesperadamente achando que o clip ia começar e raspei o joelho no metal do puxador desencapado de um armário, nem dei por mim, depois q vi q era só mais uma chamada é que olhei pra minha perna e vi o rasgo, o sangue e a carne saindo pra fora, meus pais me levaram imediatamente para o pronto socorro onde levei 6 pontos e mesmo assim não deixei de ver o clip, lá eu pedi para o enfermeiro colocar na tv cultura e finalmente vi o vídeo que tinha me levado para o médico, que claro, foi o último do programa, a cicatriz nunca vai sair e eu tive que ficar em casa por uma semana ( nessa época eu trabalhava com minha prima num escritório de contabilidade e fazia o supletivo num colégio pago).
Outra coisa que tb me fazia ficar maluca era uma garota cover do MJ que se apresentava num programa de tevê do Barros de Alencar da extinta tevê Tupi ,o nome dela era Lúcia mas se auto denominava Maica Jackson e ficou famosa como a melhor cover brasileira de MJ nessa época, tentei vê-la quando veio se apresentar numa cidade vizinha e apesar da ajuda da minha amiga Cris acabei não conseguindo...passou-se um tempo e eu que já estava me achando uma extra terrestre por nunca ter tido um namorado, tive meu primeiro, aos 26 anos,se chamava Nel( na verdade Manoel) e conheci quando trabalhava no bar do meu irmão e o namoro durou até meus 29 anos, ele gostava de música sertaneja mas me dava discos de Michael de presente, ele me deu dois discos de grandes sucessos de MJ, me deu revistas e quadros, trazia fotos de Michael pra mim e sabia que essa era a melhor forma de me agradar, e veio a fase Bad, anunciava muito na tevê, iam mostrar no Fantástico e eu ficava o dia todo com a tevê ligada pra ver os comerciais, não me cansava de ver os pedaços, era o lançamento da música Bad, e no domingo lá estava eu assistindo o Fantástico, quase cai da cadeira quando vi, me assustei por ele estar tão diferente(de novo), estava com a pele mais clara e isso me espantou, mas em poucos dias já tinha me acostumado, no dia seguinte já estava com o disco Bad e tocava o dia todo, inteirinho, morria de ciúmes cada vez que ouvia algo sobre um possível namoro de Michael com qualquer mulher ( nessa época falavam que ele estava namorando sua backing vocal Cheryl Crow), tinha mais ciúmes dele do que do meu namorado, quando o filme Moonwalker ia ser lançado eu quase fiquei doente porque ia ter uma avant premiére em Campinas e eu tinha medo de viajar pra lá sozinha, então a Cris( minha amiga paraguaia) foi me levar, mesmo não sendo fã de Michael, e na saída do cinema as ruas da cidade estavam alagadas, já era quase meia noite e íamos perder o último ônibus, foi um sofrimento chegar a rodoviária debaixo daquela tempestade a tempo de voltar pra casa... eu passava os dias desenhando Michael, escrevendo poesias para Michael, e fantasiando com ele, minha criatividade para as fantasias não tinha limite, poderia facilmente escrever um livro de histórias que imaginei viver com ele, passava as noites acordada pensando nele e os dias também, até quando estava caminhando na rua eu via ele e ouvia sua voz, eu ia tão fundo nas fantasias que chorava e ria de verdade, sentia as emoções da história que estava vivendo na minha imaginação, chegava a sentir até o toque dele, o cheiro dele, o hálito dele, imaginava casamento, filhos, como eu tinha ido parar nos Estados Unidos, ou ele no Brasil criava situações com começo, meio e fim, muitas vezes chegava a “compor” músicas futuras que ele iria compor como se fosse ele, envelhecíamos juntos, eu vivia de sonhos, de sonhar acordada, eu queria casar com ele, ele era o meu príncipe encantado, era o homem da minha vida, era tudo o que eu queria ter pra mim,eu vivia dele e respirava ele 24 horas por dia sem cessar, chegava a ser doentio, atrapalhava a minha vida, deixava as pessoas preocupadas, quando Michael desaparecia por um tempo eu conseguia voltar a viver a minha vida normalmente.
Meu namoro já tinha acabado quando me sentia totalmente entregue a essas fantasias com Michael e elas me ajudavam a me curar de todas as dores da vida real, e mal me via livre de uma dor vinha outra, num desses intervalos que Michael me dava me envolvi com um rapaz 10 anos mais novo de nome Marco, um relacionamento turbulento e complicado sempre seguido de perto pelo ex( que tinha chegado a ser noivo)e que não desistia de tentar me fazer voltar com ele, pra isso me enchia de presentes( tudo sobre Michael)e foi dele que ganhei o disco Dangerous e uma fita com o show da Dangerous Tour em Bucaresti., depois de sofrer muito com outra decepção amorosa como o rapaz mais novo lá estava eu esperando mais um disco de Michael e mais um clip, dessa vez Black or White e como da outra vez, tevê ligada o dia todo pra ver os comerciais do programa que anunciavam o clip e pra variar outro susto com a pele mais clara ainda de Michael, e lá estava eu dando uma outra chance para o ex namorado q não durou mais que 3 meses, meu namoro como era não combinava com o rumo que a minha vida estava seguindo, já que as decepções acabaram me levando a conhecer mais de perto ao Deus sob cuja palavra eu tinha sido criada, mas que nunca tinha buscado verdadeiramente a não ser nos momentos de dor.Tive um período de espiritualidade que me levou a conhecer várias denominações evangélicas, mas nunca deixei de curtir meu sentimento por Michael nessa época, eu sonhava com o dia que ele viria ao Brasil e tinha certeza que isso iria acontecer, tinha tanta certeza que desde muito cedo guardava em uma caderneta de poupança tudo que eu conseguia pra quando esse dia chegasse eu pudesse estar lá, voltei a estudar pra terminar o colégio que eu tinha largado na época do grupo Musical Waterloo e retomado na base do supletivo vários anos antes, me envolvi com um colega que era meu vizinho e estudava junto e tb mais novo que eu, e acabei me afastando da igreja, nessa época já havia comentários da vinda da Dangerous Tour para o Brasil e era para ela que eu me preparava com o apoio dos colegas de escola e do Nilson apesar de todo meu medo de multidões( eu era clautrofóbica)e apesar de nunca ter viajado para a capital sozinha.
continua...
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