quinta-feira, 5 de julho de 2007

Memórias de uma Fã parte III



continuação do post anterior...



Uma semana antes de ir para São Paulo ver o show da Dangerous Tour, eu fui com minha família num encontro de cantores gospel no Pacaembu, mas fomos de carro e foi diferente, eu estava com medo de viajar para SP sozinha, não estava acostumada a fazer isso e nunca tinha ido lá, procurei saber tudo o que podia sobre a metrópole, fiz perguntas pra meio mundo, me informei, e tentei inventar mentiras pra minha mãe não ficar preocupada, mas não teve outro jeito, eu tive que arranjar uma acompanhante por causa da minha mãe, como não tinha muitas amizades e a Cris tinha um filho pra criar, convidei uma colega de escola, Sandra pra ir comigo, ela nem era fã, mas me dispus a pagar a viagem, lanche e a entrada no show pra ela, apenas pra que minha mãe pudesse ficar tranqüila, na sexta feira, primeiro dia do show, eu parecia doente, eu estava doente, simplesmente por não estar lá, a tevê mostrava flashes, entrevistas de camarins vips de artistas q tinham ido, passava especiais sobre MJ, mas isso só me fazia lembrar o tempo todo q eu não estava lá e chorava, ele estava tão perto de mim, nunca esteve tão perto, eu não podia perder aquela oportunidade pela qual esperei por toda a minha vida.O sábado foi um dia agitado e nervoso, tudo estava combinado e preparado para a viagem e as 6 horas do domingo dia 17 de outubro de 1993 eu e a Sandra tomamos o ônibus para São Paulo, quando chegamos logo na rodoviária parecia q eu estava era carregando um peso morto, pois descobri q a Sandra conhecia São Paulo tanto quanto eu, ou seja, nada, mas como quem tem boca vai a Roma e era impossível não notar que algo diferente estava acontecendo naquela cidade, em meio a muita gente com camisetas de MJ chegamos ao Morumbi onde uma fila gigantesca q parecia dar a volta no estádio nos aguardava, combinei com ela q caso nos perdessemos uma da outra nos encontraríamos num determinado lugar perto da bilheteria após o show e não teria como ser de outro jeito já q o dinheiro estava comigo, comprei os ingressos para o show , q eram lindos, pareciam cartões magnéticos de banco e ficamos na fila que só aumentava cada vez mais conforme o dia ia passando, os portões só seriam abertos as 4 e 30 da tarde, foi divertido ver tantos tipos de pessoas diferentes, covers imitando Michael, aquela agitação toda, mas eu não me lembro muito bem dessas partes, só me lembro que tivemos q passar por uma revista antes de entrarmos, o cansaço era grande, estava com dores no corpo, dor de cabeça, com sede, não poderíamos levar nada pra dentro do estádio, nem água, uma policial feminina fez a revista e entramos junto com um bando todo mundo correndo naquela imensidão de lugar querendo chegar logo na frente do palco, imenso e negro, fiquei tão admirada, e aliviada q parei quando vi o palco de longe e comecei a chorar, me lembro q pensei: agora eu tenho certeza absoluta que vou mesmo ver ele, e aquilo parecia que não era real, depois corremos e chegamos na grade bem na frente do palco, o show iria começar as 7 ou 8 hs se não me engano e ainda não eram 5 e 30, por fim começou bem mais tarde por causa do horário de verão, precisaria estar escuro.


O tempo ia passando, um calor insuportável, bombeiros jogaram água nas pessoas q se aglomeravam cada vez mais, eu estava ensopada, precisei ir ao banheiro e até achá-lo perdi um tempo valioso, quando voltamos ao gramado estava tão lotado que não dava pra passar uma agulha ali, o estádio estava lotado, já estava escuro, olhei assustada para as arquibancadas e o gramado cheio, justo eu que tinha pavor de multidão estava no meio de quase 100 mil pessoas num estádio enorme, nos telões passavam momentos da carreira de Michael, do filme “Moonwalker”, tocava “Carmina Burana”, o barulho do público era ensurdecedor mas eu nem ouvia direito, estávamos na pista de corrida do estádio, muito movimento no palco dava pra ver de longe, eu estava muito longe do palco e chorava por causa disso, não me conformava porque a tão pouco tempo atrás estivera na grade, tudo indicava que havia chegado a hora e a adrenalina estava a mil em cada pessoa q estava ali naquele momento.
Não lembro as horas, mas finalmente o show começou, Michael pulou no palco em meio a um estrondo e ficou parado por vários minutos, estático, era “Jam”, eu o via em miniatura de tão longe q estava, centenas de cabeças atrapalhando a minha visão, os telões eram desconfortáveis, o barulho do público era maior ainda, enquanto ele ficou parado ali no centro do palco parecia q o mundo ia acabar tamanha a gritaria e eu chorava, a Sandra tentando me consolar dizia que eu devia estar feliz porque estava respirando o mesmo ar que ele, porque estava lá, porque podia vê-lo “ao vivo” pelo telão, meu Deus, então eu juntei dinheiro numa poupança, paguei pra levar uma acompanhante, enfrentei meu medo de cidade grande e de multidões, tudo pra ver Michael em um telão? Não! Era muito pouco pra tanto sacrifício, eu chorava cada vez mais conforme a performance de “Jam” ocorria, lutava pra tentar vê-lo, ele parecia uma formiguinha de tão longe que estava dos meus olhos e eu não me conformava com isso, queria ter asas, via garotas sendo trazidas desmaiadas através de um portão de madeira compensada que se estendia do ponto onde terminavam as grades q separavam Michael do público e pensei : e se eu entrar na multidão e chegar lá na frente do palco “fingir” um desmaio e me levarem pro lado de lá da grade? Talvez isso me dê a chance de correr até ele? E foi pensando em fazer isso que deixei meus medos de lado, larguei a Sandra com minha mochila, fui bem rente ao portão de madeira e comecei a minha caminhada entrando no meio da multidão, antes de “Jam” teminar comecei a travessia naquele mar de gente onde uma agulha parecia não caber, eu não sei como eu conseguia ir, mas fui, ia empurrando, pedindo licença , chorando, implorando(nessas horas vale muito a pena ser humilde e no meu caso funcinou e como...) q me deixassem passar e conseguindo passar, cada passinho era uma vitória.

Minha cabeça parecia q ia explodir, minha boca parecia nem conseguir abrir de tão seca q estava, não tinha nada comigo, nem uma garrafa de água, molhada de suor, meu Deus, o aperto era insuportável e eu pedia a Deus pra não desmaiar porque me sentia muito mal, mas cada vez q conseguia ver Michael ele estava maior, a formiguinha estava crescendo diante dos meus olhos, alguns rapazes chegavam a me puxar pra me ajudar a passar e eu implorava pelo amor de Deus, me ajudem, eu preciso ver ele de perto, preciso, dei sorte por encontrar pessoas compreensivas q me ajudaram, lembro das músicas, da emoção de “Human Nature” , do show em “Smooth Criminal” espetacular, de MJ cantando “I Just Can’t Stop Loving You” com Siedah Garret num conjuntinho q parecia um arco íris , lembro da menina q subiu pra dançar com ele em “She´s Out Of My Life” e eu decepcionada pensando: tinha q ser eu lá! O esforço era tremendo, a luta pra chegar lá maior ainda, mas cada passo me aproximava mais da frente do palco, até que finalmente uma “eternidade” parecia ter se passado e eu via Michael de perto, não lembrava mais de cansaço, de sede, de dor no corpo, de dor de cabeça, dor no pescoço, parecia q eu estava anestesiada, o palco parecia estar tão perto...eu nem lembrava mais minhas intenções de fingir desmaio, pelo contrário, pedia a Deus pra não permitir q eu desmaiasse no meio daquela multidão que me espremia, “Thriller” foi outro espetáculo, os esqueletos pareciam de verdade, não dava pra notar q eram dançarinos vestidos com uma roupa preta e com um esqueleto branco estampado, não dá pra descrever, era fenomenal demais, as luzes, o êxtase, me sentia embriagada, a apresentação de “Billie Jean” foi espetacular, fantástica, algo além da imaginação ver isso ao vivo, eu o via bem de perto, devia ter umas duas ou três fileiras de pessoas diante de mim q me separavam da grade, “Billie Jean” era um show a parte, eu não acreditava que eu estava ali vendo Michael ao vivo, não acreditava q ele era de carne e osso, me parecia tão mais alto, tão mais corpulento, esguio do que eu jamais supus quando o via em fotos ou em vídeos, acho que nesse momento eu me dei conta que Michael era um ser humano, uma pessoa q até então tinha sido apenas uma fantasia da minha imaginação, era tão espetacular vê-lo dançando “Billie Jean” que eu não precisaria ver mais nada, mas eu queria mais.

Acho q se alguém me perguntasse o meu nome naquela hora eu não saberia lhe dizer, esqueci quem eu era, esqueci até o meu nome, esqueci dos mais de 75 mil no estádio, era só eu e ele ali, eu queria q ele me visse, queria sentir o olhar dele, queria vê-lo olhando pra mim, mas como? Nos telões de cristal liquido lembro de ter visto cenas de “Black or White” e Michael virando pantera, parecia lindo, muito mais que ver o clip pela tevê, lembro de “Will You Be There”, música que amo de paixão e de ter chorado muito durante essa música, a minha oportunidade de vê-lo mais de perto foi quando ele cantou “Black or White” e subiu na grua q o elevou sobre a multidão de pessoas q estavam perto da grade, eu entre elas, esse foi o apocalipse do show pra mim, o clímax supremo, que coisa de outro mundo aquilo, Michael vestia calça preta e camiseta branca com uma camisa de mangas compridas tb branca, não lembro de mais detalhes, só lembro q os cabelos dele voavam ao vendo brilhantes e seu rosto estava rosado, parecia um gigante, muito esbelto, lindo como jamais tinha visto, sorriso de dentes perfeitos e brancos, nossa...meu Deus parecia a visão de um anjo, de um deus grego, o próprio Adonis(rsrsrsrs...) e me apaixonei pela milionésima vez, a grua passou bem baixo, tanto q tive a impressão q se eu subisse nos ombros de algum daqueles alterofilistas ao meu redor poderia alcançar a mão de Michael, aquela mão rosada e enorme, seus olhos brilhavam muito também, e as pessoas gritavam loucamente, não sei se foi ele q gritou primeiro o “I love you” ou se fomos nós, só sei q houve essa declaração de amor, mas acho q foi ele, pois chorei muito enquanto gritava um “I love you” débil e lacrimoso em retribuição e tive a sensação q ele estava olhando direto para mim, foi a coisa mais maravilhosa da minha vida, um êxtase sem igual, nunca vou esquecer q não poderia fazer outra coisa senão chorar e aquele momento se eternizou, parecia q tinha durado todo o tempo do mundo, fiquei tão deslumbrada com a beleza dele que mal podia acreditar q ele pudesse ser ainda mais lindo pessoalmente do que por fotos e vídeo, q pudesse ser mais alto e mais encorpado, nem sei a ordem do q ele cantou depois, só lembro q a última música foi “Heal The World” e antes dela terminar eu tentava sair da multidão, mas não tinha como, quando o show acabou fui levada pela multidão para fora do estádio, e a cabeça começou a doer de novo, parecia q ia explodir e sentia uma sede como jamais tinha sentido na minha vida, tive q procurar a Sandra perto da bilheteria, tomar o metro, para chegar na rodoviária onde pudemos voltar para Campinas, dormimos, ela dormiu no banco da rodoviária e eu andava por lá toda elétrica e contando para as poucas pessoas q encontrava a minha aventura deliciosa, quando cheguei em casa as 8 horas da manhã, pude ver pela tevê q o palco já estava sendo desmontado, posso dizer q esse foi meu único sonho realizado, depois desse dia comecei a ter contato com vários fãs pelo Brasil, fundei um fã clube com uma garota de Mato Grosso, conheci fãs gaúchos, pernambucanos e paulistas q tb tinham fã clubes e até mesmo fãs americanos e italianos com quem me correspondia, entrei num curso de inglês e seguia a vida de Michael agora com grandes, enormes problemas por causa de um garoto q o acusava de abuso sexual...


continua...

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